A endometriose é uma doença onde focos do endométrio, que é o nome dado ao tecido que reveste o útero, que devia só revestir o útero, acabam crescendo em outros lugares, causando grande desconforto. Esses focos são inflamatórios, causam muitas dores no ato sexual e na evacuação, cólicas intensas, aumento do fluxo menstrual, altera o humor da paciente, que fica mais ansiosa e dorme pior.
No texto de hoje, vou explicar como tratar a endometriose de maneira correta, se a cirurgia é a solução, qual a relação do intestino com a doença e se a endometriose tem cura. Você vai ver:
- Alteração intestinal piora quadro de endometriose
- A cirurgia é a solução para a endometriose?
- Endometriose tem cura?
Alteração intestinal piora quadro de endometriose
A endometriose tem uma alteração hormonal importante, que é o desequilíbrio entre progesterona e estrogênio. O estrogênio aumenta muito e um dos tratamentos da doença é o bloqueio hormonal. Mas mesmo com esse bloqueio, alguns pacientes continuam com o estrogênio um pouco elevado. Continue lendo que vou explicar porquê isso acontece.
O pouco estrogênio que é produzido pelo organismo, mesmo com os bloqueadores hormonais, vai ter passagem no fígado. Chegando lá, o fígado vai colocar uma proteína nesse estrogênio para poder eliminá-lo. É o que chamamos de conjugação do estrogênio, que vai para o intestino para ser eliminado através das fezes.
Porém, o intestino produz enzimas na parede intestinal, importantes para a digestão, e uma dessas enzimas quebra a ligação do estrogênio com a proteína. Quando a microbiota intestinal está saudável, a produção dessas enzimas estará controlada e não teremos a quebra exagerada da ligação.
Mas, quando a paciente tem alterações intestinais, como disbiose, começa a ter desequilíbrio dessas substâncias que estão no intestino e, consequentemente, terá uma produção ainda maior dessa enzina que quebra a ligação do estrogênio com a proteína. Quando eles são separados, o estrogênio não será eliminado e voltará para a circulação sanguínea, sendo reabsorvido, voltando a ter as ações do estrogênio ativo no corpo inteiro, prejudicando os focos de endometriose e o controle da doença. Esse metabolismo do estrogênio através do intestino é chamado estroboloma, por isso, o controle da saúde intestinal é fundamental para o controle da endometriose.
A cirurgia é a solução para a endometriose?
A endometriose é uma doença cada vez mais presente e de difícil diagnóstico, sendo diagnosticado tardiamente. Com isso, as mulheres sofrem com os sintomas e tem uma piora da qualidade de vida. Antes de iniciar qualquer tratamento, é fundamental olhar o paciente como um todo e investigar todo o seu histórico e estilo de vida.
A cirurgia é indicada para tirar os focos de endometriose que estão crescendo sem controle e causando dor, aderências e, consequentemente, alterações estruturais e funcionais nos ovários, nas trompas, no intestino, na bexiga e até mesmo no diafragma. Dessa maneira conseguimos controlar alguns sintomas ruins, mas não tratamos a doença.
O melhor tratamento para a endometriose é o integrativo. Como dito anteriormente, ela é uma doença hormônio-dependente, mas também altamente inflamatória e que prejudica a imunidade do corpo. Por isso, só a cirurgia não será a solução e nem fará o controle adequado da doença.
Endometriose tem cura?
Endometriose não tem cura, mas a falta de informação leva a mulher a acreditar que o bloqueio hormonal e a cirurgia são os únicos caminhos que vão trazer a cura dessa doença. Infelizmente, não tem cura, mas tem controle, através do tratamento dos sintomas, das causas e das consequências.
É preciso ver o corpo como um todo. Não é só um diagnóstico, é ver o que está causando essa doença. Quais são os aspectos inflamatórios que estão alimentando essa doença, tratar o intestino, fazer o controle da dor adequado, ver a alimentação, os aspectos de sono, atividade física e desinflamar a paciente. Por isso, é um tratamento integrativo, pois depois dessa análise, conseguimos um melhor controle da doença, que pode sim ser por bloqueio hormonal, por cirurgia, mas sabendo que vai muito além disso. O objetivo é ter controle dos sintomas para o resto da vida e a paciente ter autocuidado e qualidade de vida.